23 de dezembro de 2010

Amarras


Eu tento dormir,
Mas o sono não vem.
O quarto me vigia,
Mantem-me viva
Entre paredes,
Concreto...
Carne...
Pele.

Eu tento fugir,
Mas a mente não permite.
As amarras se apertam,
Prendem-me aos tormentos
Com panos,
Cordas...
Sangue...
Sentimento.


Francielly Caroba

11 de dezembro de 2010

Believe


Distante...
Longe demais
pra mim,
Mas sua luz
consegue me alcançar.
Instigante...
Não sinto seu calor,
Mas sei que seu interior
pode queimar.
Finito...
Todo corpo celeste
tem um final,
Mas a supernova
gera tanto a morte
quanto a vida.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

6 de dezembro de 2010

Infiel


Não olhe pra mim
Desfalecida.
No meu próprio verso,
Fui ferida.

Um risco ficou no céu...
Asas quebradas.
Manchas nas paredes...
Mãos atadas.

Não encare minha face
Suja e infiel.
Escorrem de mim lágrimas,
Sumo e fel.


Francielly Caroba

23 de novembro de 2010

Nascida no Ano do Dragão


Nascida da terra
Árida e imperfeita.
Semeada com fogo,
Chamas de desejo.
Indomáveis asas crescentes,
Dona de si, intencional...
Acenda os olhos!


Francielly Caroba

12 de novembro de 2010

Delírio de sangue



Enleio de mentes coagidas
Reinadas pelo caos e apatia,
Invisível espaço de heresias
Nocivas e brutalmente reprimidas.
Íngreme encosta de fúria que desliza,
Aos poucos o delírio se materializa.

Faminta de vingança,
Um desejo que se alcança
Regando ira no que resta de razão,
Instigando a fera em sua prisão.
As gotas de sangue que caíram
Sobre suas mãos as quimeras criaram.

Hostis criaturas envoltas em véus,
Anjos ou demônios que rasgam os céus.
Ríspido olhar aponta a carne incandescente,
Pedra partida da alma inconsciente.
Inspira o cheiro semelhante a cobre,
Alucina diante do que derramou, sangue nobre.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

23 de outubro de 2010

Pêndulo


A lua está suspensa
Sobre pedras invisíveis,
Contemplando sonhos natimortos
De mentes atormentadas.
Olha, delineia com seu brilho
(falsa luz do reflexo alheio),
Rir-se de deboche...
Eclode no mar o som sarcástico
E despeja na areia a raiva...
Beleza da praia sob o luar.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

13 de outubro de 2010

Rosa célebre



Soam íntimas nas surdas conchas,
Estridentes lágrimas que rolam às rochas.
Gravam música pura e absoluta,
Uma vaga lembrança em forma voluta
Navega no mar de cegueiras...
Devaneando, a rosa defronte os espelhos,
Olha a ausência que deixou as corredeiras.

Motivo pelo qual o eco do cristal cessou.

Dorme silenciosa a sua beleza,
Agora sem saber prisioneira da tristeza.

Rosa célebre dos meus sonhos que desencantou.


Francielly Caroba

28 de setembro de 2010

Alto-estrato



No fundo da minha mente
Adormece a ciência latente,
A fonte da sabedoria dos antigos.
No fundo dos meus olhos
Existe um lago profundo,
O abrigo da resposta absoluta.

Eu resisti ao tempo sobre as ruínas,
Com a vida através dos sonhos
Persegui o elixir para curar as feridas
Que você deixou em minha alma.

Eu ainda sinto em mim.
Não houve volta, não houve troca.
Nenhuma doutrina vai reaver o que perdi.
Eu transmutei meu coração
Em busca de um alquimista que me faça esquecer.

Eu ainda sinto em mim,
Latente no meu sangue uma parte sua
Que se desenha no céu,
Formando um véu espesso cinza.
Véu que cobre minhas palavras
E assim faz com que caiam no vazio.


Francielly Caroba

21 de setembro de 2010

O livro não lido



O fim não foi escrito...

Livro de palavras estranhas,
Ínfimo trabalho desconhecido.
Varre as folhas em desdém,
Rabisca no canto da página
O que os olhos não lêem.

Não foi lido!

Livro de sentido obscuro,
Instigante de tão absurdo.
Deixe-o sobre a cama
Onde as mãos não o tocam.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

6 de setembro de 2010

Quem acende as estrelas


Veste a noite com prazer,
Espia as sombras antes de sair.
Mansa e sinuosa, acende as estrelas.

Toma nas mãos os sonhos,
Anda na calada do sono.
Noite é sinônimo de sensação...
Dedos que podem tocar o silêncio
Encantam-se com a vibração.

Sons surdos, cheiros cegos,
Tato mudo, olhos que falam...
Jorra da luz das estrelas
Ângulos e percepções,
Riscos e rabiscos,
Nuanças iridencentes...
O seu andar de bailarina
Ressoa, se apresenta e se confunde
Na forma mais simples,
A acústica batida do coração.


Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados, lei 9.610 de 19/02/98]

29 de agosto de 2010

Quimérico



Aquela presença
(In)explicável
De sensação tão real,
Mas que às vezes
Não sabe
Se prevê o futuro
Ou se revive o passado.


Francielly Caroba

20 de agosto de 2010

Tarde vermelha


A tarde vermelha
Rasgando os lençóis do dia
A árvore negra
Trazendo sombra doce

A escuridão nunca foi tão sedutora
A paz nunca foi tão mórbida
E serena.

A tarde ardente
Queimando meus ossos
A árvore incandescente
De frutos tão libertinos

Nas sobras encontro rostos
O mistério nunca foi tão evidente
E eminente.


Francielly Caroba

13 de agosto de 2010

Aparências


Corre sutil,
O frio
Na alma.

Consome furtiva,
A solidão
Na calma.

Desce mansa,
A raiva
Nas veias.

Cresce ativa,
A ânsia
Na carne.

Morre devagar
Com elegância,
Enquanto as aparências sorriem.
Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

4 de agosto de 2010

Castelo de Cartas


Cada carta em seu lugar,
Salas e quartos para arrumar.
Calma...
As cartas escorregam
Dos dedos da alma.
Vai se erguendo
E as dúvidas vão se entendendo
No castelo paredes acomodam,
Mas a que custo?

O visitante está chegando...
Um susto!
Um leve sopro da sua fala
Foi o suficiente,
Revela a fragilidade e abala
O meu castelo de cartas.

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

29 de julho de 2010

Porcelana



Pele de prata reluzente,
Olhos em chamas tímidas e cadentes.
Um olhar que risca o ar
Com força e raiva para quebrar
Espaços, espelhos e aparências.
Luz fugaz revela a transparência,
Ácido em caulim contido...
Não se espalhe em cuidados,
Pois a porcelana já está em cacos.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

20 de julho de 2010

Salgado


Eu posso me ver nos seus olhos,
Meu desenho na sua retina
Me faz tímida...

No brilho da sua íris
Vejo meu reflexo
E me sinto viva.

No cair de suas lágrimas
Me torno líquida,
Misteriosa e sensível
Ao sabor salgado dos seus sentimentos.


Francielly Caroba
[direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

15 de julho de 2010

Advogado do Diabo

Culpado ou inocente?
Um réu indiferente.
Listando provas e evicências
Depois construindo as aparências,
Advogar é como atuar.
Defendo quem me contratar,
O olhar fixo sobre o julgamento.

Insinuando falhas legais,
Notificando jurís formais.
Ouçam minha voz que não desafina.
Estou disposto a muito mais
Não importam quais são os fatos reais.
Tanto faz a minha crença,
Entendo tudo desde que eu vença.


Francielly Caroba
[direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

6 de julho de 2010

Faço-te adormecer


Não resista
Apenas me sinta.

Vem para o meu colo
Deixa-me velar teu sono.

Não minta,
Deita...

Vem para os meus braços
Despejar teu cansaço.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

30 de junho de 2010

Zelos


Eu recebo seus carinhos
Com a sutil sensação de dor,
Vejo seus zelos se cobrirem
Com uma angústia indistinta.

De noite a insônia costura
Com fios de psicose,
O manto de suspeita
Com o qual você me cobre.

Os sentimentos adoecem lentamente,
Sufocados pela sua ilusão
Exacerbada de posse e paixão.


Francielly Caroba

27 de junho de 2010

Dissimulação

O seu olhar está se esquivando pelas ruas...
Que mãos tremulas são as suas.
Eu sei ler seus sinais...
Preciso dizer algo mais?
Fazer o que se a sua voz te acusa,
Para mentir precisa ter postura.
Ser uma pedra de gelo ajuda,
Levada pela corrente de frio
A palavra sai nua e crua.
Sério que você ainda acredita em mim?


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

16 de junho de 2010

Sensíveis Manipuladores

Escorrem palavras no papel,
Intensas ou profundas.
Tecem versos com nanquim,
Soslaios ou apáticos.
Contam histórias
Rimadas ou livres,
Irreais, imperfeitas, reais...
Todos conseguem alcançar
O objetivo latente nas letras,
É rabiscar nas mentes e corações
Emoções e percepções
Dos sensíveis manipuladores
A quem chamamos de autores.

Fran Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

14 de junho de 2010

(In)digo

(In)certo
(In)visível
(In)correto
(In)dispensável

(In)sensato
(In)coerente
(In)exato
(In)consequente


Fran Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

13 de junho de 2010

Efêmera

Desfaço...
Desvanece o brilho
Do meu olhar.

Passo...
Não deixo nada
No meu lugar.


Fran Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

11 de junho de 2010

Contradição

Pelas estradas vou caminhando
Com a minha paciência de menina,
Desenhando
Figuras em paredes frias.

Pelas trilhas vou correndo
Com a minha pressa ferina,
Queimando
Pilhas de folhas secas.

Ostento minha vaidade
Em ironia às avessas.
Contemplo minha condescendência
Em abraços sem apreço.

Rindo da vida
Rodeada de amigos,
Celebrando a morte
Listada pelas minhas mãos.

Quanta contradição...

Mesmo eu sabendo,
Reconhecendo em mim
O que é pedra, e
O que é coração.

Fran Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]