15 de dezembro de 2012

Remendo




Os oceanos conversam,
A notícia se espalhou.
Entre os céus
Não se fala em outra coisa...
As árvores choram suas folhas.
É verdade!
A última maçã caiu.
Partiu-se ao tocar o solo,
Tão duro quanto um coração...
Tudo bem!
O tempo é gentil,
Sem dom para remediar,
Mas se pôs a costurar
As metades...
E o remendo ficou feio,
Porém foi feito.
O perfeito não coube,
Todavia, a quebra da queda
(De uma forma ou de outra)
Foi desfeita.



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

1 de dezembro de 2012

Meias verdades




Eu não procurei razões pra explicar
O que eu não preciso mais
O meu sorriso vem pra disfarçar

No meio da nossa conversa
As palavras ficam presas
Verdades não saem inteiras

Então leia no meu olhar as outras metades

Das minhas meias verdades


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

15 de novembro de 2012

A Lua mingua em Capricórnio




O que os seus olhos vêem no escuro?

Enquanto conchas dormem
No fundo de um mar
(Limbo da sua ou da minha mente)
Outros fazem preces à Lua.
Um breve passeio na Lua,
Enquanto o mundo enlouquece
Conchas se divertem com
Irônicas brincadeiras,
Mentirinhas...
Enquanto o mundo enlouquece
Navios naufragam a caminho da Lua,
Talvez eu embarque num deles.
Ora venha neste luar descansar...

De tudo o que vai sobrar?
Olhos lunares ainda vão nos vigiar?

Mingua para meus braços, então.
Um sonho vem em troca de pesadelos,
Necessitando de soro capricorniano, vem...
Dobra-se ante meus joelhos,
Olho-te meu veneno (minha cura)...


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

14 de outubro de 2012

O mar ondula como uma dor de cabeça



Se o sol se sente pesado
Se a lua se sente feia
Enquanto o mar ondula...
Que chances
Tenho eu
- Carne e sangue -
De escapar
Dessa hipnotiza dor?

Se o sol se sente cansado
Se a lua se sente apática
Diante deste mar...
Que esperança
Terei eu
- Erros e arrependimentos -
De superar
A dor que ondula?

Deito-me areia
Rendida...


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]


"Ela pareceu vestida em todo o meu ser"


23 de setembro de 2012

Guache




... e a mente se descostura
em fios que conduzem estática
... e a fala vai afundando
na água turva e no lodo consciente
... o eco é tudo que resta,
não há mais frestas
entre os abraços conseqüentes
... a carne afunda como pedra
e o que era apenas sentimento
agora se solta em filetes guache,
depois de trincar a acrílica pele...




Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]


2 de setembro de 2012

Não sai na água


Não sou de plástico
Nem boneca inflável.

        Não me comparo
        Com manequins
        Sou feita de carne
        Isso sim!

                  Não me dou com moda
                  Gosto de jeans e botas.

                                 Não tiro o anel
                                 Às vezes solto o cabelo,
                                 Mas sei que sou sempre eu
                                 Na frente do espelho.

                                                  E a minha beleza
                                                  Não sai na água!


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

4 de agosto de 2012

Viúva



Quando o anel cair do dedo
Você vai ouvir o azulejo partir
E um sussurro vai te invadir de medo

Quando o brilho dourado se apagar
Você vai sentir os olhares se curvarem
Desolados sem um porto para atracar

E as estrelas se desprenderão do céu, sem razão

Cairão todas, em linhas paralelas à sua respiração.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

15 de julho de 2012

Borrado




Tinta...
Azul,
acinzentado?
Não,
esfumaçado.

Brilho...
Dourado,
dá mais luz?
Não,
prateado
metaliza o olhar.

Sal...
Líquido
e colorido,
borrado?
Sim,
manchado
combina mais
com o coração magoado.

Realça a cor dos meus olhos.



Francielly Caroba 
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

8 de julho de 2012

Dama




Fiquei ébria com vinho tinto
Ou com o som bucólico do piano?

Ainda ouço os copos brindarem
E os saltos, sutis, arranhando o salão
Ao som de velhos românticos.

Ainda sinto o cheiro dos cigarros mentolados,
Mas foi o odor dos charutos que grudou
No pano negro do meu vestido.

Assim como uma certa colônia
Fixou na minha pele lívida.
O meu batom deixou uma marca na taça,
Mas tamanha foi a marca em sua camisa.

Desculpe a minha leveza, a minha certeza...
Agradeço a sua companhia, a sua serventia...


Francielly Caroba 
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]
[Foto: Vogue; Adele]

1 de maio de 2012

Olhos insípidos



Eu procurei seus olhos perdidos.
Enlaçados ao segredo conciso,
Eu encontrei seus olhos insípidos.

A magia acabou em uma onda sem sabor,
O nosso jarro rachou e quebrou.
No seu rosto de novo eu vejo o deserto do desamor.

Os seus olhos caem aos rochedos...

Insípidos, como o toque dos seus dedos.


 Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

12 de abril de 2012

Olhos esquentam



E quando os olhos esquentam
Enrolo meu corpo no sol
Estendo meus ossos no varal
Para queimar meus pecados
Tudo aquilo que eu colhi em teus braços
Inesquecível mormaço...


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 6.910 de 19/02/98]

1 de abril de 2012

Dama derramada


A areia é muito pesada
Molhada
Prende-me os pés
Com o vai e vem das marés

No mesmo vai e vem
Corpos se afogam em corpos
Atolados
Em egoísmo compartilhado

A dama caiu em vermelho lençol
Derramada de olhos ilegais...

A areia é muito branca
Pálida
Não combina com minha alma
Riscada de cinza como este céu.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]
[Imagem: Capa do cd "Sim" de Vanessa da Mata]

11 de fevereiro de 2012

Agridoce



Se o céu pode rachar
Eu vou atear fogo no mar
Para nele queimar
O amargo do meu paladar

Se a chuva pode cair ácida
Eu terei mais uma despedida
Para tornar suicida
O doce da minha sobrevida


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

28 de janeiro de 2012

Diamantes amarelos



Diamantes amarelos
para refletir a ferrugem
dos nossos abraços,
o brilho fosco
de um sentimento oco,
que tosco
- não há mais nada no jarro.
Ele vai juntando pó.
O que houve conosco?

Diamantes amarelos
quebram com gritos roucos
depois de beijos indiferentes,
antes tivessemos zircônias transparentes,
que fim
- você não cuidou de mim.
Foi assim.
Quem dos dois ficou louco?

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

14 de janeiro de 2012

Tormenta


Firmamento partido,
Rasgado ao meio
Com fios soltos de estrelas
Caindo às beiradas
Do manto negro.

Soro escorrendo
Entre os dedos do tempo,
Soprando sereno salgado
Nos lábios secos
De um porto ermo.

Lascas das palavras
(ainda não ditas)
Adornam decisões amarradas,
Mais brilhantes que
Estas estrelas apagadas.

Mas são tantas amarras,
Que curvam luas aos sóis
E convertem ódios em amores,
Que ao chegar no porto
Não cintilam mais.

E um adeus tenta se encaixar,
Entre a fissura no manto
E o corte no coração,
Antes de atracar e terminar
Por dilacerar a porcelana.

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]