31 de dezembro de 2014

Coda



E timidamente
O sol penetra
O escuro dentro de mim

Em meu chão
Resquícios
De suas asas partidas

Vai tão jovem
Tão bela
Tão, ainda, cheia de vida

Mas, vai...

Nosso adeus
Em um filete vermelho
Que não pude impedir

E meu coração
Não conteve as lágrimas
Que desgarram a te regar a face

Agora tão pálida
Agora já passou
Toda a dor e temor



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

26 de dezembro de 2014

Por ora




Por ora,
vou acreditar em finais felizes.

Por ora,
a televisão ficará desligada
e as luzes acesas.

Por ora,
chorar sangue me basta,
uivar à Lua o que ela não pode me dar,
também é suficiente.

Por ora,
colher palavras dos soluços,
vai alimentar a minha prole de ilusões
e manter quente o que resta de coração.

Por ora,
esse é o meu final feliz.



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

15 de dezembro de 2014

Em tempos de caça




Em tempos de caça,
onde a regra é a farsa,
mais vale manter
a tua taça
intacta
do que brindar
com o Darma,
mas o que a língua
não mata,
o olhar despedaça
com elegância e calma.




Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

4 de dezembro de 2014

Caso ou acaso




Eu nunca soube
quantas das minhas lágrimas
você queria
para cobrir seu céu

Eu sempre me surpreendia
ao seu lado
te emprestando
sorrisos que eu não tinha

Eu sempre caí
nos seus braços
arrastando meus antigos
e novos fantasmas

Eu nunca descobri
O seu motivo
para tomar
doses de mim




Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

23 de novembro de 2014

O mesmo sabor



                                   Na tua taça
                                   vinho branco ou
                                   vinho tinto
                                   tens o mesmo sabor

te amo
te odeio também

no teu sorriso                                   
cabem minhas lágrimas e                                   
ainda mais meu êxtase                                   

te lembro
te quero novamente

                                   na minha poesia
                                   tem um pouco de mim, mas
                                   de ti tem até demais



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

18 de novembro de 2014

No seu próprio mar de fel





No seu próprio mar de fel
os dedos escorregam em vaidade
nas trancas cinzas do céu...





Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

25 de outubro de 2014

Morde a caça




Morde a caça
Enquanto lhe talha
Marcas e adornos
Presa na sua garra
Emaranhada
Nos fios de navalha
Contorcendo
Entre grades de carne
Em desesperada tentativa
De fuga, frustrada...





Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

17 de outubro de 2014

Hora marcada




A canção de Ozzy
Parou de tocar,
Mr. Crowley já se retirou
Do meu distinto labirinto.

Então, meu querido
Demônio,
Já é hora de ir
Para o inferno?




Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

7 de outubro de 2014

Pressuposto




As palavras sabem
o que vou ouvir
antes de ler
eu só preciso sentir

As fotos marcam
o que os filmes
não prendem
em cilindros

As músicas contam
o que já sabemos
depois de sopros
ou de mordidas




Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

5 de outubro de 2014

Esse teu sorriso lindo



Esse teu sorriso lindo,
Acanhado,
Porém oblíquo,
Escondendo qualquer traço negativo,
Mas os teus olhos
Já estão me mordendo,
E eu especulando
Cada pensamento teu...

Esse teu sorriso cafajeste,
Sustendo toda essa fascinação!



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

28 de setembro de 2014

Depois que você me tira o ar




Depois que você me tira o ar
não me peça para respirar!
Faça melhor,
venha me reanimar
...boca a boca



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

15 de setembro de 2014

Bem me quer, mal me quer




Bem me quer, mal me quer...
Tire todas as flores do jardim
Se quiser assim,
Mas as Valquírias
Não foram feitas para serem amadas.
Enquanto isso, as margaridas
Acham graça, e elas te gostam de graça.





Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

3 de setembro de 2014

Debaixo da cama



Cada memória
encharcada
de uísque
jogada no canto
do olho

Tantas rachaduras
de relâmpagos
estalados
em azulejos
quase perfeitos

Mas ainda restam
os sorrisos vermelhos
compartilhados no escuro
agora escondidos
debaixo da cama


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

16 de agosto de 2014

Há penas





E quando tuas asas cortarem meu ar
Eu cairei de alturas que jamais conheci

E quando tuas garras fincarem minha carne
Eu não passarei de apenas mais uma presa






Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

12 de agosto de 2014

Quando devaneios vestem palavras



Nada faz muito sentido...

           Mesmo tento os sentidos
           Aguçados
           Ou destemperados

                      Devaneio
                      Por enleio
                      Certifique-se de ter bom freio

                                 Não delire nos desvios
                                 Não se iluda com arrepios
                                 E não alimente os demônios

                                                       ... Nada dura o bastante



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

31 de julho de 2014

Atenas

 
 
 
No berço das ruínas
a Lua permanece
velando nossos sonhos
mais longínquos...


 
Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 1902/98]

14 de julho de 2014

No limite




No limite
entre a pureza
e a luxúria
o deleite
se estafa
de tanto brincar
na minha boca



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

6 de julho de 2014

Tom de cinza




Meias verdades
Costuram tempestades
Amarras cerradas
Tanto quanto crianças acanhadas

Imagens queimam retinas
Depois que eu ateei fogo nas cortinas
Acendi chamas rosadas
Meu tom de cinza favorito




Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

25 de junho de 2014

O meu mal




Qual o meu mal?
Respondo-te em meio a risos
de conformidade e leve tristeza,
que é desejar as estrelas mais altas,
alçar os olhos aos céus que não posso pisar,
visitar anjos sem ter o direito de permanecer,
mergulhar em devaneios e sempre, e sempre
cair em meu corpo, cair, cair e cair...




Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

15 de junho de 2014

Com vista pro mar


O que você quer
eu não posso te dar,
mas se quiser
um livro aberto
para te apoiar,
um quadro negro
para rabiscar,
ou um manto de estrelas
para as noites frias,
eu vou me inventar...

No entanto o meu coração
já está reservado
na solidão, esquina
com vista pro mar...



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

14 de abril de 2014

Lítio



                                       Loucamente lúcido.
                                       Inseguro, mas eu sei...
                                       Tateando o fundo do frasco.
                                       Insatisfeito, mas eu entendo
                                       O que está acontecendo.

Olhos abertos em dormência.                                       
Inúmeros medos, receio...                                       
Tolero os remédios sem gosto,                                       
Intimo dos efeitos no meu corpo.                                       
Lucidamente louco.                                       





Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

28 de março de 2014

Como se fosse




Contando o tempo
como ampulheta
conta grãos de areia

Esperando a pancada
como a gravidade
espera a queda das maçãs

Chorando dores
como a chuva
chora ácido

Zangada com a sorte
como o destino
zanga com o acaso




Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

4 de março de 2014

Espero ansioso...





Espero ansioso
o dia em que direi
– com veracidade em voz alta – 
que eu te amo um pouco menos que antes.






Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

17 de fevereiro de 2014

A esfinge da sua caveira



E seus olhos castanhos
refletiam
sangue,
a simplicidade da carne
como se tudo fosse
guerra...
Como se o mundo
morresse
a cada dia (um pouco mais)
dentro de si,
também morria
naquela rotina
de estar sempre
armado,
mas a fissura
na sua armadura
era evidente
diante dos meus olhos...
Por que de mim
ele não conseguia
esconder?
Eu não sei.
Eu sei
que me apaixonei,
não por sua força
aparente,
mas por sua fraqueza
transparente...
Ali refletida
em belos olhos castanhos
que não sorriam
que não choravam
e que não me viam
decifrando
a esfinge de sua
caveira.



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

8 de fevereiro de 2014

Quantos motivos a rosa possui?




Quantos delírios seus se tornaram realidade?
Motivos vestidos com verdade
Apoiando a frágil imperfeição...
Rosa que não revela sua fraqueza
Possui em si, toda a certeza.





Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]