31 de dezembro de 2011

Princípio do fim


À beira do abismo
Tudo é mais bonito...
No princípio do fim
Não existe sensação de perda.

Quando falta pouca areia
No vidro da ampulheta,
Resta aos ponteiros se lançarem
Além do templo do pêndulo.

Depois da grafite tomar conta do céu
E dos trovões arranharem algodão...
Se não existem guarda-chuvas
Então deixa chover!

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

23 de dezembro de 2011

Qual lâmina?



Qual lâmina
É tão ferina
E faminta por carnificina?

Aquela que corta
Sem arrombar a porta...

Causadora da dor
Que tira de tudo a cor
E desvanece todo sabor...

A lâmina de fino fio
Leda como assobio?

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

4 de dezembro de 2011

Colibri



Sinto o cheiro da chuva,
Mas não chove faz meses.
Espero paciente
Esse pedaço voltar pra mim.
Relâmpagos e estalos,
Que nos fios das minhas asas
Entoam liberdade...
Outra vez as pedras
Adiantam-se a estação,
Rolam da minha íngreme
Encosta de fé e me partem...
Acho que quebrei minhas asas.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

19 de novembro de 2011

Ópera da Solidão


O piano chora...
Dedos tentam se libertar
de cordas mais tremulas
e mais aflitas
do que aquelas
que agora desfilam sonoras.

A máscara se joga...
A alma tenta suícidio
ao se lançar
de uma face mais perigosa
e mais íngreme
do que molhados rochedos.

A voz ecoa...
Entre o palco
e a platéia vazia
as ruínas prestigiam
o último ato
da ópera da solidão.

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]


Inspire-se...


15 de novembro de 2011

Acontece...



Se as minhas
Paredes falassem
Elas não teriam
Nada para contar
Pois entre elas
Nada acontece
Fora delas
O mesmo se repete

Por que a pele estremece?
Por que a fruta apodrece?

Se as minhas
Perguntas andassem
Elas não teriam
Para onde ir
Pois para elas
Não existe resposta
Apenas vãs
E efêmeras propostas

O preto me cai bem!
A solidão também!

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

29 de outubro de 2011

Hoje



Hoje eu quero me recolher
em cobertas,
em lençóis,
em pele...
Hoje eu quero me banhar
em água quente,
em suor salgado,
em melado...
Hoje eu quero
namorar a sorte,
beijar às cegas,
flertar contigo...


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

9 de outubro de 2011

Fada



Fada cítrica
Dos meus olhos marejados
Alça vôo de libélula
Leva contigo esta melancolia
E resgata o brilho da minha íris
A mais nobre sentinela
Presenteio os meus sonhos


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

18 de setembro de 2011

Para que pés, se possuo asas?


Para que pés
Se possuo asas?
Já tenho fé
Por que andar em brasas?

Se eu plano sobre sentimentos
Por que deveria pousar no cimento?

Para que pés
Se soltei minhas amarras?
Já não me pertence revés
Por que manter as barras?
 
Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

28 de agosto de 2011

Fuga psicótica


Eu sou carne revestida de pele!
Sou sangue preso em correntes,
Apenas instinto convencional.
Outra face abatida
Vítima da carnificina,
Da hipocrisia social...
Insanidade temporária?
Casual fuga psicótica.

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

27 de agosto de 2011

Breves flertes


Véus que me cobrem,
Que recobrem
As sensações...
Véus que amarram
Loucuras
Em segredo amam
Pequenas rachaduras,
Os breves flertes
Com a realidade...

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

20 de agosto de 2011

Sinais



Sonha com o pássaro azul,
Esfria o tempo
Ele voa pro sul.
Entre mares índigos
Sinais metálicos
Trincam o céu...

Idílios recitados pelos ventos
Galgam campos,
Vastos espaços de pensamentos.
No branco lençol da espera,
Repousa encantado
O desconhecido sentimento...

Sonha com a rosa anil,
Aquece o tempo
Ela se descobre.
Entre jardins verdejantes
Sinais sinfônicos
Vibram as árvores...

Sonetos trazem a chuva
Molham a terra,
Berço latente da esperança.
No cinza da possibilidade,
Despedaça sutil
O conhecido medo.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

6 de agosto de 2011

Um beijo não é um contrato


Tem muito de mim
Em um não,
Ao sim
Sobra a pressão.

Nego uma imagem
Porque os olhos
Distorcem a mensagem.

Talvez eu seja uma menina
Esperando amanhecer,
Que tem medo do escuro,
Mas apenas nele consegue se reconhcer.

O desejo
Concretiza-se no ato,
Mas um beijo
Não é um contrato.

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

23 de julho de 2011

Minhas mãos se calaram



Minhas mãos se calaram
De fato a promessa foi mantida
Meus dedos guardam os atos
Os fatos, as fitas, os atalhos...
E agora deles nada espalho
Silenciosa, vou-me contida...
De sorrisos secretos
De segredos discretos...
Apenas meus olhos agora falam
Na sombra destes olhares
Nada sobra
Apenas o brilho do anel...


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

10 de julho de 2011

Delírio alcoólico



Sorrisos estridentes,
zircônias trincam em
olhos transparentes
... rachaduras.
Doce delírio da cura
vidros, frascos
... álcool.
Tolhe a sensação
na inversão dos sentidos
... ausente.

Vasa em palavras
(saliva)
a fala falha, decalça.
Escorre o frenesi
(passional)
do crime perfeito.
Enxuga a alma
(arrasada)
rasa dos credos.

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

18 de junho de 2011

Evidências



Alguém mexeu na minha bagunça
Inscrições novas decoram as paredes
Na monotonia dos meus sentidos
Olhos latentes sempre vigiam
Torres, faróis, guardas, carcereiros...
Outro espaço conquistado
No mesmo lugar que foi derrotado
Ostenta, hoje, seu esqueleto
Massa, fluído, tecido, sentimento...



Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]
[Imagem: atriz Natalie Portman no filme "Cisne Negro"]

4 de junho de 2011

Ameno



O dia está calmo,
Fazendo-se em ondas de
Maré baixa.
Ressacada,
A tarde se arrasta
Para seu findar.
Somos todos espaços vagos
Neste cenário lírico
Os versos estão sem resposta,
Na espera de uma rajada de vento
Que venha lhes desfazer,
Eis a imagem distante...
O céu se espreguiça
Em quase cinza,
Tenta mudar sua cor,
Mas sem sucesso,
Rabisca sua indolência
E nos risca em tons amenos.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

22 de maio de 2011

Ego(ísta)



A minha mente é simplista,
O meu coração solta de repente a faísca
Que incendeia a minha cobiça egoísta.

Minhas tentações são a sua única pista
Para encontrar a fonte da minha vontade arisca,
Elegantemente passional e calculista.

Você não faz parte da minha lista,
A minha demência te rabisca
De forma bem anarquista.

A minha fera busca conquista,
Enquanto a lua pisca
O mundo me perde de vista.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

15 de maio de 2011

Ismália me entenderia



Eu escrevi o que me comovia
Rascunhei o que sentia
Isto não lhe bastou...
Soou os sinos na fronteira
Então eu entendi o seu
Desejo cego de comoção...

Desejei mais tempo para nós
Esperei conquistar meu espaço
Seu passo foi mais apressado
Ismália me entenderia...
Render-me ao sonho ou
Envergar a realidade?


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

6 de maio de 2011

Nos cegam



E mais uma vez o Sol fugiu,
Todas as noites a Lua toma seu lugar.
Às vezes me pergunto: o amanhecer vai voltar?
Luzes invisíveis correm meus olhos
Que procuram, que curvam, que entalham
Nos objetos noturnos, sinais perdidos
Levam ao norte, ao sul, sem direção,
Até perder de vista a densa escuridão...
Lá, onde a luz não gera sombra,
Nos ângulos zero dos olhares,
Cegam as visões, as nossas sombras.

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

18 de abril de 2011

Saindo de cena



Saindo de cena
Eu ouço aplausos
Interpretei como sei atuar
Ninguém esquece certos personagens
Que dominam a atenção da platéia
Eu chorei e eu ri de mim
Dona do palco durante meu ato
Encantada com meus poderes
Comovida com minha frieza
Entristecida com meu desfecho
No final
Sou apenas uma atriz

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

5 de abril de 2011

Gaiola de prata



Evapora o pássaro que me cortejou
Tolhe o meu olhar a distância
Última lembrança do céu azul

Pó de prata que restou
Alivia a sublime dor
Em partir asas

Uma gota de mar rolou
Garoa serena solta na face
Desatino dos olhos
Para lavar a tristeza

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

26 de março de 2011

Desencanto



Eu estive
voando
sem saber
que voava...
Eu estava
amando
quando descobri
que perdi...
Eu estive
sozinha
mesmo quando
acompanhada...
Eu estava
certa
quando me achei
errada...


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

19 de março de 2011

Estive dentro e fora das ilusões



Estive dentro e fora das ilusões.
Saindo e entrando em transe
Imaginando figuras,
Vagueando em corpos,
Espreitando entre paranóias e devaneios.

Estive dentro e fora das ilusões.
No meio das multidões,
Tumultuadas reuniões entre estranhos,
Observando e tateando ambientes.

Estive dentro e fora das ilusões.
Fugindo de mim
Ocultando as minhas
Razões e ações.
Decidindo fechar os olhos,
Afastando aos poucos
Sólidas verdades.

Ilusões,
Laços de imaginação
Unidos com as batidas
Sem ritmo do meu pobre coração,
Ofuscando a dor,
Esquecendo o temor.
Saindo e entrando em mim.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]
[Imagem: "A Metamorfose de Narciso", obra de Salvador Dalí]

9 de março de 2011

Breve



Como tudo que deve
Forçou-se e se manteve
Enquanto pode, conteve

Como tudo que é breve
Não mais se reteve
Soltou-se como ser leve

Derreteu com a neve


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

28 de fevereiro de 2011

De novo a Lua Nova



O chamado da fera se calou
Nessa noite derradeira
De novo a Lua Nova
Ao meu céu retornou.

No brilho invisível
O meu olhar se abrigou,
Intocável
O meu espírito se revelou.

Ainda forte
Das minhas batalhas,
Ainda frágil
Dos meus erros.

No cair da noite
Eu selei no céu
Em veludo entre nuvens
A minha sorte.

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

14 de fevereiro de 2011

Amanhece mortal



O sol está suspenso
tocando as cortinas,
as rendas da tua vida...
Desce do teu devaneio,
ainda sonâmbulo
lembra-se do cheiro,
a essência continua no ar...
A tua alma caminha
descalça e cambaleante
entre teus dons,
tentando se apoiar...
O teu corpo permanece
ludibriado pelos sons
e os efeitos do toque
(involuntário)
com o teu outro lado.

Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

5 de fevereiro de 2011

Chamado



O medo me seguiu pelos corredores,
Desenhados nas paredes
Parecem vivos,
Vigiam-me.
Sempre sozinho,
Sempre perdido,
Confuso, com frio...
Tem alguém aí?
Batendo em portas trancadas,
Janelas sempre embaçadas
Parecem mortas,
Chamam-me.
Sempre chorando,
Sempre gritando,
Transtornado, com medo...
Desculpe-me, não queria te acordar.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

31 de janeiro de 2011

Mariposa


Voa mansa pela noite,
Asas de figura lunar
Riscam (sutís) o silêncio...
Irrompendo imaginação
Para magicamente encantar
Olhos insones...
São bruxas que nascem
De casulos de seda,
Abandonam o tom cinza
Pelo mistério cintilante das cores,
Que vibram mantos noturnos.


Francielly Caroba
[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

28 de janeiro de 2011

Morfina



Madeira morta em plena primavera,
Onírico findar do ardor
Rijo de nácar se espalha entre dedos,
Frenesi passional de vontade e medo.
Írrita morfina na corrente sanguínea
Nosciva ficção sedativa e cristalina,
Amargo naco da vida ferina.


Francielly Caroba

15 de janeiro de 2011

Vigésimo segundo


Esperando amanhecer,
Observando do ângulo sombrio
Pela vigésima segunda vez...

Sol de vidro que vem me acordar
De sonhos monocromáticos,
Inverno permanente de olhos transparentes...

E a sensação é sempre a mesma
Pela ausência de calor,
Fria luz de pouco
Ou nenhum sabor.

Luz oblíqua de contradição
Do suspiro que sonha ser grito...
Neste vigésimo segundo
Dia natimorto.


Francielly Caroba

9 de janeiro de 2011

Transborda


Flui do vão de sensações,
Transborda pelos póros
E escorre sobre a pele.

Derrama entre os dedos
O que não se pode segurar.
Transborda do olhar
O que se desgarrou.

Vasa em palavras
E escapa em suspiros,
Quebram-se as correntes.

À flor da pele se mostra,
Ao instável movimento
Das certezas vãs.


Francielly Caroba