O coelho inalcançável

E com tantos contos para visitar,
Com tantos príncipes e bobos dispostos,
Ela foi se apaixonar pelo coelho.
E o pior coelho...
O coelho da Alice.

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Com quantos homens

 

Com quantos homens

eu terei que dormir

para esquecer aquele

que não beijei?

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Causa perdida

 

Sentir ferver os olhos sem nunca abri-los...
Algumas dores não têm solução!
E eu ouço partir os azulejos
Na queda densa ao chão.

Sentir perder o que nunca possuí...
Finais não têm coração!
Por mais que se tenha desejos,
Não há recursos ou moção.

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Poesia medíocre

 

Caminha o guerreiro
para mais uma batalha inútil
pelo mesmo objetivo
de todas as outras
enfrentar os mesmos
inimigos medíocres
...
Você já conhece essa história
não precisa ler
seus lamentos e tragédias
mais uma vez
...
Desculpe a escritora
por remoer a mesma inspiração
pois é a única realidade que a alcança
...
Caos e inquietação.

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Esperar

 

Esperar
É um ato de paciência
Calçando saltos de esperança
Vestindo a sua mais bela conformidade

Esperar
Que você olhe ao redor
E que o que esteja em volta não me ofusque
Na minha mediocridade sem conserto

Esperar
Que meu coração pare de acelerar
Toda vez que meus olhos encontram você
E torcer para mão da realidade não me esmagar

Esperar
Mais uma noite inteira
Por aquela mensagem que não vai vir
Porque aquele olhar não pousou em mim

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Somos o que somos

 

Eu sou tão fria,
cheia
porém vazia.

E você é tão quente,
silente
todavia eloquente.

O que se passou com a gente?

Você apenas vinha e eu sorria.

Francielly Caroba

Foto de Isabela Fernandes

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

A gosto

Use as pausas a gosto

Dose as perguntas tanto quanto as respostas

Uma mudança pede outra

E envelhecer é opcional

O tempo vai passando e nem sempre acompanhamos

O segredo é seguir leve

Porque a natureza vai continuar maior

Do que as mordidas que podemos dar

Então erga suas mãos a luz da sua consciência

E não deixe as sensações conhecidas te travar

Sentimentos platônicos não são simpáticos

Por isso deboche de seus erros honestos

Namore o tolo fogo das suas paixões

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Amargo

Saudade de você

de sentir na sua pele o calor

que eu não tenho

de sentir no seu pulso a calma

que me falta

Saudade do sorriso

do abrir largo e branco

que causa a alegria em mim

do leve fechar de olhos

que resgata a minha pouca esperança

Saudade sua

que é só minha ilusão

procurando me agarrar em uma paixão

que sou só eu tentando sair

do abismo de raiva que me encontro

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Cascatas

Meus devaneios

caem em

cascatas

a água me

respira

minha pedra do

corpo repousa

e a vida flui

em rios frios

e artérias

quentes

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Rosado

Céu adocicado

O vinho derramado

Pinga da boca da noite

Condensado orvalho

Ao chão, ao corpo...

Céu rosado

Vestindo lusco-fusco

Sorri e se desmancha

Vindo dançar comigo

Desdobrando os meus sonhos...

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Água fria

E eu queria que fosse um segredo

Só meu!

Só dos meus batimentos

Acelerados de coelho fujão

E da minha respiração

De cão carente...

Mas o brilho dos meus olhos

Me revela!

A inquietação das minhas mãos

Me auxiliam a fracassar

E o sorriso indomável

Anuncia como em um outdoor...

Não dá pra esconder

O que à flor da pele

Quer te dizer.

Confessarei um outro dia

Por ora eu sou uma gata arredia

Com medo de água fria.

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98

Fio

A sina me costura sonhos

Vida que desfila nua

É a caricatura

Uma figura pura sem rascunho

Mistura a magia e ironia

De quem só vê o que os

Sonhos lhe permitem sentir

E ser assim tão cego liberta a

Fúria de não conseguir se sentir real

Que tudo é mentira e

Não importa quanta dor isso causa

Significa pouco ou absolutamente nada!

Nada para aquele que descostura no puxar de um fio.

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Pendurado

Sem direito a última dança

Desfeito a trança

O corpo se estende e descansa

Porque nesse coração nada mais balança

Pendurado nas palavras de esperança

O que sobrou da minha confiança

Esperando o próximo verso da mudança

Para um varal cheio de vingança

É assim que se despedaça

O que foi uma boa lembrança

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

A Lua fantasiada de Saturno

Eu vou me fantasiar

de algo mais belo e misterioso

quem sabe assim você vem me cortejar

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Escolha minha

Vai aonde quiser

Faz o que tem vontade

Mas me deixa no meu canto

Se a escolha foi minha

De costurar saudade

Não me traga panos

Não quero saber dos seus planos

Nada disso me pertence mais

Estou tirando minhas sandálias da caixa

Estou vestindo meu jeans de novo

Experimentando um novo perfume

A escolha continua minha

De sair sem despedidas

E virar as costas

Eu não te pertenço mais

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Porto para poetas que não escrevem

A tristeza dos portos

Que ganha brilho e

Uma vida que não tem

Nas mãos românticas dos poetas...

Que criaturas são essas?

Que fazem da tristeza

E da solidão,

Parecerem as coisas mais belas...

Que criadores são esses?

Mesmo sem escrever uma palavra

Para poeta que é poeta

Qualquer Lua

Vira porto seguro...

Que corre nas suas veias?

Mesmo sem escrever um verso

Vejo a tinta brilhar no seu olhar,

Sempre perdido no luar...

Que sonho se sonha agora?

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Fones

Blues

nos meus fones

de ouvido,

caminho devagar...

O sol

desbota o meu

jeans,

faz brilhar

o meu batom

e escurece

meus óculos,

continuo caminhando...

Soul

nos meus fones

de ouvido,

uma gota de suor

desce na curva

das minhas costas,

camiseta marcada

e cintura delineada,

e eu caminho...

Para onde?

Quem sabe...

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]

Todo mal nasce quimérico

Tateando seus lábios macios,

Olhando seu corpo febril

Deitado ao meu lado,

Ocasionalmente calmo.

Mal da minha razão, bem da minha emoção...

Nasce entre minhas contradições, 

Alcançando níveis de exaltação.

Sonhando enquanto acordado,

Chorando durante o sono

Em frenesi de crime passional.

Quimérico acordar de um pesadelo que já foi sonho.

Francielly Caroba

[Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98]